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Channel: O Malfazejo
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Trump é como a gente

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Foto: Reuters

A imagem pode ser fictícia, mas é a mais próxima da realidade ao ‘caminharmos’ pela internet durante eventos de repercussão mundial, como a 85ª entrega do Oscar neste domingo (24). Não há megaevento, desastre, festival de celebridades ou show de calouros que passe incólume às famigeradas redes sociais, notadamente o Twitter, onde reinam as rajadas de balas mais rápidas. Num ambiente abarrotado de comediantes e com pouco menos de 10 segundos – o equivalente não científico de um tweet – para cada piada, o desafio é misturar ousadia, oportunismo nonsense e sacadas de duplo sentido ou com jogo invertido de palavras.

Há outro dado interessante no esporte mais famoso da internet, essa sitting comedy doméstica, ou a ‘comédia sentada’ que todos adoramos praticar no escurinho do quarto: celebridades e ricaços não ficam de fora. Se no Brasil temos Luana Piovani para destilar veneno sobre tudo e todos no Twitter (mais recentemente apresentamos também Nana Gouvêa ao mundo), os americanos têm Donald Trump, espécie de Silvio Santos enlatado e que diverte o mundo há pelo menos 30 anos com seu topete, seus hotéis e seus bilhões de dólares. O bilionário foi um dos mais ácidos expetadores da noite que premiou ‘Argo’ como o filme do ano.

O colunista Josh Grossberg, do site de entretenimento E-Online, imaginou que Trump deve ter desejado demitir algumas pessoas depois de assistir a festa – numa referência ao reality show ‘O Aprendiz’. O bilionário torceu o topete para quase tudo na festa, do apresentador às atrizes, dos musicais aos candidatos e vencedores. O jargão “You’re fired!” teria sido o sucesso da noite se, no comando da indústria de Hollywood e da solenidade do Dolby Theatre, estivesse Donald Trump.

Abaixo algumas de suas impressões no Twitter, durante o programa:

“Não gostei de nada nesta abertura!”, comentando o esquete entre Seth MacFarlane, o apresentador, e William Shatner, o Capitão Kirk de Jornada nas Estrelas.

“Shatner teve mais destaque que qualquer um dos vencedores. Isso deveria ter se chamado o ‘Show do William Shatner’”, ao falar do tempo que Shatner passou no ar.

“Django Unchained é o filme mais racista que eu já vi, horrível!”, sobre o filme de Quentin Tarantino e suas centenas de niggers.

“Que set pegajoso”, sobre a trilha sonora do evento.

“Shirley B. fez um belo trabalho cantando Goldfinfer! Não era fácil!”, se apiedando do sofrimento da cantora original da trilha de 007, durante a homenagem da academia aos 50 anos dos filmes de James Bond.

“Lincoln nunca soou daquele jeito!”, talvez sobre a voz que Daniel Day Lewis ‘criou’ para o personagem que lhe deu o terceiro Oscar da carreira. Não há registros históricos da voz do Lincoln original.

“Anne Hathaway é uma boa vencedora”, sobre a atriz cujo vestido virou sucesso nas paródias das redes sociais.

“A transmissão é muito chata. Cadê o glamour e a beleza?”, numa impressão geral sobre a festa.

“Jane Fonda e Michael Douglas estavam ótimos!”, sobre, bem, Jane Fonda e Michael Douglas.

“Já chega pra mim – Boa noite!”, se despedindo de todos.

“Resumindo, o Oscar foi mediano, na melhor das hipóteses”, logo depois, para não perder a viagem e não ser diferente de nenhum de nós na internet.

Grossberg atentou para o que muitos já se acostumaram a ver na internet com despojada naturalidade. Debaixo do edredon, com o controle remoto numa das mãos e um telefone na outra, não faz diferença se, na manhã seguinte, você vai estar com sono ao bater o ponto no escritório ou dormindo na cabine do seu jatinho particular.

Pra falar a verdade, faz diferença sim. Mas só de manhã. À noite e diante da tevê, somos todos sádicos iguais.


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